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segunda-feira, 19 de julho de 2010

USI

Às vezes vocês também sentem como se o conhecimento limitasse, condissionasse, ao invés de enriquecer? Muitas vezes me pego rejeitando livros, aulas de filosofia, textos, por me sentir influenciada por suas idéias. Não sei se me cansei do pensamento condicionado, se me irritei com as idéias já prontas, se esgotei meu estoque de princípios de conceitos. Seria uma tentativa de me desgarrar dos princípios, dos axiomas, das premissas? Como partir do zero, se o zero já é um ponto de partida? Minha mente já é condicionada, minhas externidades já internas me influenciam, meus conhecimentos já adquiridos latejam, o questionamento começa a entrar em extinção na selva do meu cérebro. O conhecimento só vem de fora? Do compartilhar? Só saberei lendo, vendo, ouvindo, vivendo? E os primeiros que não compartilharam leram, viram? Se eu me trancasse num cômodo, eu e minha mente, eu e a dedução, a indução, a dedução induzida, a indução deduzida. Como é possível gente? Como é possível o pioneirismo? O inédito? A criação? Não é tudo transformado, transmitido, evoluído? Conseguiria eu ler outros pensamentos sem me influenciar? Conseguiria eu me externar da mente do outro e questioná-la? Ou pelo contrário: conseguiria eu entrar na mente do outro e entender suas tendências, crenças, seu meio, sua época? Tenho medo de ser feita de outros. De ter em mim, nada meu de fato. De ser uma aglomeração de eus externos. De ser um pouco Nietzsche, um pouco Popper, um pouco Fernando Pessoa, Chico Buarque, 'Carrie', Hitler, Globo... Um muito de poucos. Eu só sou eu pela aceitação e rejeição do que os outros foram e são. Sou o que capto e sigo de uns, o que vejo e rejeito de outros. Sou uma máquina de seleção. E me formo e defino a partir dela. Eu me defino enquanto procuro definição (ou enquanto corro dela). Queria poder ser uma máquina de criar idéias, mas a máquina já é uma idéia. A idéia acaba não sendo criada. Idéias condicionadas desde que temos a chance de termos idéias... Que seja, encontro marcado com Kant as 23h no Eldredom. Conseguirei eu não cair nas suas cantadas ou acabarei totalmente influenciada por seu charme alemão? (Que Nietzsche me surpreenda semana que vem e que Rousseau me encante com seu romantismo liberal... Porque pensando bem, eu to mais é pra casos de uma noite só).

4 comentários:

  1. Tenho medo de ser feita de outros. De ter em mim, nada meu de fato. [2]

    Eu só sou eu pela aceitação e rejeição do que os outros foram e são. Sou o que capto e sigo dos uns, o que vejo e rejeito de outros. Sou uma máquina de seleção. E me formo e defino a partir dela. [2]

    auehae Muito bom o texto. Bom, não faz tanto tempo que parei de estudar filosofia enquanto matéria de escola, então, ainda me lembro de como eu questionava o fato de que a filosofia nos empurra goela abaixo que devemos sempre questionar, estar em aberto à nova idéias... Mas a própria filosofia não é nova. Ela foi formada por pensamentos de vários. Não nasceu de nada por si mesma. Os pensamentos mostrados nos livros e nas aulas, são pensamentos de outras pessoas, de outros 'filósofos'. Então, porque aceitá-los? Se eles não são meus? Se não fui eu que pensei isso? Porque simplesmente aceitar que fulaninho inventou o pensamento filosófico? porque simplesmente aceitar uma idéia de outra pessoa sem se perguntar o porque daquilo ter virado filosofia?

    O problema é entender as raízes das idéias, as raízes do que gostamos e as razões. Dou um prêmio pra quem conseguir isso no mundo de hoje, sem se deixar influênciar por nada nem por ninguém. Eu sei que não consigo por completo.

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  2. ai, bruninha, mais uma vez adorei seu texto.

    "Tenho medo de ser feita de outros. De ter em mim, nada meu de fato."

    de novo, me achei mt nele. penso muito, muito mesmo nessa frase que vc falou. `as vezes sinto como se mtas das minhas decisões fossem tomadas através da opinião de outros, de idéias de outros, influências de outros. outros, outros, outros... e eu? eu concordo? cadê eu nisso tudo?

    mas apesar desses questionamentos acerca disso, sinto que dá pra achar pontos positivos nessa aparente (e, pra mim, real) influência toda. acredito que, dessa forma, a gente soma. a gente cresce, de alguma forma que tb não sei explicar. a gente divide.
    será? não sei, pode ser tudo ilusão minha, pode ser que a gente cresceria mais sem influências, sem conhecimentos e conceitos já prontos, pode ser qualquer coisa! mas acho que deixaríamos de absorver muito, seja de filosofia, seja de vida, se nos trancássemos "num cômodo, nós e nossa mente, nós e a dedução, a indução, a dedução induzida, a indução deduzida", como vc falou. afinal, como vc tb falou no seu texto anterior, "É tanto pra compartilhar e tão pouca coragem pra oferecer e receber..." imagina se vivêssemos trancados! qnto desperdício de trocas!

    tb sinto uma dificuldade enorme de criar algo novo. tanta coisa existe, tanta coisa q limita nossos pensamentos. informação demais. 'tico e teco' pifam de vez em quando! hahaha! mas vamos continuar caminhando, pensando, botando em prática, realizando. vamos continuar tentando criar! pq, mesmo q não seja novo pro mundo, pode ser novo pra gente! no fundo isso é o mais importante. superar os nossos próprios limites, mesmo q outros pareçam estar mt mais 'avançados'.

    "O conhecimento só vem de fora? Do compartilhar? Só saberei lendo, vendo, ouvindo, vivendo?"

    não, não acho q o conhecimento só venha de fora, a gente pode se surpreender com o q vem de dentro, com o q a gente pode conhecer a respeito de nós mesmos. e mesmo q o q surge dentro da gente tenha influência externa, o q tem de tão ruim aí? acredito q no fundo tudo se completa, nós e o mundo.
    mas acho que a gente só saberá, o q for, tanto externa, quanto internamente, vivendo, sim ( esse 'saber' pode estar 'certo' ou não. mas quem se importa? quem julga isso, afinal?). lendo, vendo, ouvindo, aí eu não sei. mas vivendo e sentindo!

    mas enfim, como vc fala, pra que querer entender tudo? não dá, simplesmente. e isso é fascinante! assustador, mas fascinante. que sem graça seria saber todas essas respostas.
    basta caminhar, sentir e viver. questionar, claro, mas não paralisar devido a questionamentos.

    cara, eu perdi a linha aqui! desculpa escrever tanto, mas no fundo a culpa foi sua!! hahaha. me empolguei mt com o seu texto.
    qlqr dia vamos marcar uma conversa! acho q seria legal!

    beijos, bruninha!! sempre bom ler o q vc escreve! continue!

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  3. "Meu caro, te peço pelo amor de Deus, deixe meus livros longe do meu pescoço. Não quero mais ser guiado, animado e afogueado...Este coração já fermenta o bastante por si próprio.

    Quantas vezes tenho de ninar o meu sangue revolto até acalmá-lo...Tu sabes que não existe nada no mundo tão instável, tão inquieto quanto o meu coração."

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  4. ta fazendo oq em economia? iuaheea bolei hiem, ferinha! escreveu q nem eu! bonito de se ler iaehuaehahheae

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