...

...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A paixão é cega

Ela estava ali, segura. A cada passo que eu dava, ela estava comigo.
Não sei como esse conforto veio a acontecer, como esse apego se deu.
Só sei que não me via mais andando sem ela.
Ela já parecia fazer parte de mim, se encaixava perfeitamente ao meu corpo.
E por mais que todos naquela altura já a tivessem jogado fora, eu a queria manter comigo.
Não sabia o por que. Não sabia de que forma ela me satisfazia.
Mas ali estava eu, e ela.
Ficamos um bom tempo caminhando juntos.
Literalmente de mãos dadas.
Como era prazeroso senti-la.
Seu toque era tão sutil, macio...
Tive muitas oportunidades de descartá-la. Mas não o fazia.
Queria prolongar aquela sensação, mesmo sabendo que era preciso nos separar.
As chances daquilo acabar com respeito, da melhor forma, não só para nós, mas para todos, estavam acabando.
E foi com pesar que essa chance surgiu: laranja, apoiada em um poste.
Me aproximei. Ainda um pouco relutante, encarando o destino cruel que daria à nossa tão curta relação, abri minha mão e com um movimento rápido lancei-a a seu novo destino.
E foi só então, quando nos desvencilhamos e já me afastava da lixeira, que percebi que de fato não era a pipoca que me proporcionava tal sensação.
Era a manteiga.
E essa, ainda estava na minha mão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário