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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

mais um maço, por favor

e então não havia mais distância. você estava ali. eu estava ali. e o nós estando ali, por incrível que pareça, não bastava. ainda havia distância. e por quê? sentia meu corpo cada vez mais se aproximando do seu. já não o controlava. percebia o seu fazendo o mesmo. nosso olhar já não se desprendia mais. por muito tempo andaram perdidos, ou talvez achados, mas por olhares vazios. era esse o meu olhar. e dele não me desprenderia mais. e sua boca... quanta vontade guardada havia nos meus lábios. e por que só meus olhos ainda saciavam essa vontade? minha boca, já entreaberta, clamava pelo encontro da sua. seus lábios. sua língua. umedeci minha boca. por alguns segundos, pequenos, admito, me peguei olhando para seu cabelo. estava maior. como queria puxá-los. e trazer junto dele, você. queria cabelo, boca, olho, corpo. queria você. queria eu e você. queria sua pele na minha, sua mão na minha, mesmo que não por muito tempo. permitiria que ela deslizasse pelo meu braço, meu ombro, meus peitos, minha barriga... permitira que você criasse seu trajeto em meio ao meu corpo que, por essa noite, seria seu. e dessas mãos, livremente guiadas, colaria meu corpo ao seu, despida ou não. com uma mão agarraria seu cabelo, com a outra acariciaria suas costas. e não pense que meu rosto nada faria. já estaria embriagada pelo seu cheiro, com a boca prestes a beijar seu pescoço. e nele eu me afogaria. seria molhado, macio. te apertaria mais pra perto de mim, se possível. e com a posse dos seus cabelos, traria sua boca mais pra perto da minha. minha mão já deslizaria pros seus lábios. os contornaria, como que se despedindo da saudade que antes os tomava de mim. aos poucos nossos lábios iriam se encontrando. minha mão já voltaria para seus cabelos. meus dentes já morderiam seu lábio. delicadamente, mesmo que por dentro meu corpo todo ardesse. nossas línguas começariam a se procurar. com calma. elas no fundo já sabiam que se encontrariam de novo. já não haveria quatro pernas, ao menos retas. seriam nós, vontade, saudade. e então nos beijaríamos. não com tanta calma. preencheria seu vazio e o meu. te sugaria. me sugaria. nos tragaríamos. e já deitados, um sobre o outro, saberíamos que aquele seria nosso último cigarro. e assim o foi.

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